Conceito de cooperativismo
Entenda esse modelo de negócio
O cooperativismo pode ser definido como a colaboração entre pessoas com interesses em comum. Quando elas se juntam, conseguem vantagens que dificilmente conquistariam sozinhas.
O começo de tudo foi em 1844, na cidade de Rochdale, interior da Inglaterra. Na época, 27 homens e uma mulher decidiram montar um armazém. Eles adquiriam alimentos em grande quantidade para obter preços melhores. Depois, repartiam igualmente as compras entre os membros do grupo.
A estratégia não só permitiu a sobrevivência desses trabalhadores, como os fez prosperar. Após 12 anos, a Sociedade dos Probos de Rochdale contava com 3.450 sócios – e um capital que saltou de 28 libras para 152 mil libras.
No Brasil, a cultura cooperativista ganhou força no fim do século XIX, nos estados de Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A cooperativa de crédito mais antiga da América Latina, e ainda em atividade, foi fundada em 1902, no município de Nova Petrópolis/RS.
- Seja um associado
Um pouco de história
Cooperativismo de crédito no Brasil
O responsável pela chegada do modelo cooperativista ao país foi o padre suíço Theodor Amstad. O jesuíta chegou ao Rio Grande do Sul alguns anos antes para trabalhar nas colônias de imigrantes alemães.
Enquanto realizava sua função nas capelas do interior, ele observava a precariedade daquelas comunidades. Resolveu, então, apresentar uma solução que tornasse as famílias dos colonos mais prósperas.
Conhecedor do cooperativismo, Amstad juntou-se a 19 lideranças comunitárias para construir a Caixa de Economias e Empréstimos que levava seu sobrenome. A sede da organização ficava na localidade de Linha Imperial, no município de Nova Petrópolis. Hoje a organização é denominada Sicredi Pioneira RS.
Mais adiante, na década de 1920, cooperativas gaúchas já haviam se unido para conceber a primeira central brasileira do setor – a Central das Caixas Rurais da União Popular do Estado do Rio Grande do Sul, Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada. Algumas delas resistiram inclusive à ditadura militar, quando a legislação restringiu as condições de funcionamento dessas entidades.
Entre as décadas de 1960 e 1980, contudo, a quantidade de cooperativas de crédito minguou. Foi apenas depois da abertura política e econômica do país que um movimento, liderado por Mário Kruel Guimarães, fez renascer o cooperativismo na Região Sul do Brasil. Com a reestruturação do sistema, a concessão de crédito rural para associados foi adotada nos três estados daquele ponto do mapa.
Desde então, as cooperativas de crédito vêm se firmando como uma alternativa viável para pequenos produtores, apesar da instabilidade da moeda, da hiperinflação e de tantos outros percalços que vieram nas décadas seguintes. Em suma, o cooperativismo é um importante instrumento de inclusão econômica e social para os participantes.
Entenda
Como funciona uma cooperativa
As sociedades cooperativas são formadas por indivíduos que exerçam uma atividade econômica em comum. Elas não visam ao lucro, mas, sim, à prestação de serviços aos associados. As regras para o funcionamento estão descritas na Lei Nº 5.764/71, que define a Política Nacional de Cooperativismo.
Uma cooperativa pode ajudar produtores rurais a adquirirem equipamentos agrícolas, por exemplo, ou oferecer empréstimos a juros baixos. Também pode promover cursos de capacitação para qualificar os trabalhadores.
Quem define os rumos do negócio são os próprios cooperativados. Todos têm poder de voto em assembleias. Isso permite que as decisões conjuntas contemplem os interesses coletivos tanto quanto os individuais.
Cooperativismo: ramos de atuação
Há diferentes segmentos do cooperativismo, conforme o ramo de atuação e as necessidades dos envolvidos. A lista foi atualizada em 2020, chegando à seguinte classificação:
Agropecuário
Crédito
Transporte
Trabalho, Produção de Bens e Serviços
Saúde
Consumo
Infraestrutura
Estima-se que uma em cada sete pessoas no mundo esteja ligada ao cooperativismo. O movimento está presente em pelo menos 100 países e é responsável por 250 milhões de empregos. Os dados são do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras).
Entenda
Tipos de Sociedades Cooperativas
Dentre os segmentos do cooperativismo, as sociedades cooperativas podem se organizar de diferentes maneiras, de acordo com seu porte e suas necessidades. É importante compreender essa estruturação para que o cooperado entenda seu papel nesse universo e saiba como a cooperativa a qual ele é associado está organizada.
Em resumo, as sociedades cooperativas estão sistematizadas em três instâncias, que vamos conhecer melhor a seguir.
É o primeiro nível, onde tudo inicia. Uma cooperativa singular é a ponte de contato direto com o associado, é onde acontece a prestação de serviço do segmento em que a cooperativa atua.
Ela pode atender tanto pessoas físicas quanto empresas; no entanto, no caso de pessoas jurídicas não é permitido atendimento àquelas que atuam no mesmo campo que a cooperativa.
Também chamada de federação, é a “união” das cooperativas singulares. Ou seja, para a existência de uma central, é necessário que se tenha singulares já consolidadas e em busca de uma expansão forte e organizada.
Vale ressaltar que é necessário, no mínimo, três cooperativas singulares para, então, constituir uma Central. O objetivo é o ganho em escala de maneira a fortalecer cada vez mais sua atuação em prol dos seus cooperados.
Importante também destacar que uma Central não necessariamente é delimitada geograficamente; ou seja, ela pode ser a reunião de cooperativas singulares de diferentes locais.
É a última instância do cooperativismo. Trata-se da união de três ou mais Centrais. Vale observar que cada nível é uma expressão maior e busca mais segurança, mais escala e mais organização na prestação de serviço ao cooperado.
Assim, a Confederação é responsável por decisões maiores, que vão ser absorvidas pelas Centrais e, posteriormente, pelas Singulares.
Por exemplo: a Poupecredi perto de você é uma agência, que está vinculada a uma Cooperativa Singular. Essa Cooperativa faz parte de uma Central que, por sua vez, está diretamente relacionada à Confederação.
Essa estrutura do cooperativismo permite que o associado fique tranquilo, já que integra um Sistema sólido e seguro!
Resumindo, o cooperativismo valoriza as pessoas. São elas que ditam as regras para transformar sua realidade. Esses valores humanos contemplam os interesses coletivos com a mesma importância das aspirações individuais. O resultado é o equilíbrio da justiça social com a prosperidade econômica e da sustentabilidade com o lucro.